ESPAÇO CULTURAL GLÓRIA SÁ

A fundadora do CNJ, Glória Sá, dedicou parte da sua Vida à pintura, apesar da sua intensa atividade profissional. Produziu diversas obras, algumas das quais temos o privilégio de poder apreciar nas paredes do Centro, que desta forma ficaram para sempre enriquecidas.

Portfolio

Glória Sá

Biografia



Glória Sá vive no Porto desde os 2 anos de idade, tendo nascido em Barcelos donde eram originários os Pais.

Licenciada em Economia pela Faculdade de Economia do Porto, seguindo-se a post graduação em Auditoria / Revisoria, tendo desde cedo obtido a inscrição na lista da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas.

Inicia a carreira artística na segunda metade da década de 90, tendo-se dedicado a ela paralelamente com a sua profissão principal.

Teve sempre a preocupação de aquisição académica de conhecimentos tendo frequentado a Cooperativa Árvore, ateliers de vários pintores, vários workshops, tendo terminado o mestrado em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, em dezembro de 2016.

EXPOSIÇÕES (seleção)

- Exposição coletiva, Associação Projecto – Vila Nova de Cerveira – Jovens Artistas do Alto Minho – 2006

- Exposição coletiva, Galeria Minimal (Rua Miguel Bombarda, Porto) - 2008

_XXVI Exposição coletiva dos sócios da Àrvore – 2011.

- Exposição individual de Pintura e Desenho, Auditório Municipal de Vila Nova de Gaia - 2011

- Exposição individual de Pintura e Desenho, Biblioteca Municipal de Vila Nova de Cerveira – 2011

- Exposição individual de Pintura e Desenho, Galeria Lucília Guimarães – Guimarães ( capital europeia da cultura ) - 2012

- Exposição individual de Pintura e Desenho, Biblioteca Municipal de Barcelos- 2012

- Exposição Coletiva da Galeria de Arte do Casino do Estoril – 2013

- Exposição Coletiva “Plural Out Project” – 2013

- Exposição Coletiva dos Finalistas da FBAUP “S/Título”– Pavilhão de Exposições da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto - 2013

- Exposição Coletiva dos finalistas da FBAUP – P3 – Pintura, Prática e Pensamento – Fórum da Maia - 2013

- Museu Soares dos Reis – XXIX exposição coletiva dos sócios da Árvore – 2014

- Museu Soares dos Reis – XXX exposição coletiva dos sócios da Árvore - 2015

MENÇÃO HONROSA

Atribuída pelas obras expostas na Exposição Coletiva da Galeria de Arte do Casino do Estoril – março de 2013.

OBJETIVOS

Desde sempre se sentiu vocacionada para dedicar tempo e outros meios a obras de caráter social, em especial a obras de apoio a crianças abandonadas.

Só agora tem disponibilidade para concretizar esse objetivo. Os meios financeiros angariados através da venda das suas obras são integralmente canalizados para obras sociais da vertente acima referida.

Glória Sá agarra-se à pintura como um animal àquilo que ama


O essencial é saber ver.

Saber ver sem estar a pensar.

Saber ver quando se vê.

E nem pensar quando se vê.

Nem ver quando se pensa.

Mas isso (tristes de nós que trazemos as almas vestidas!)

Isso exige um estudo profundo.

Uma aprendizagem de

desaprender.

( FPessoa – Alberto Caeiro, “O guardador de rebanhos”)


A pintura não se explica, a pintura implica como escrevia Sophia a propósito da poesia. A pintura com que se nos expõe Glória Sá, a mulher sua autora, não espelha nem retrata a vida, o real, pois não é com eles que a pintora preenche os espaços aparentemente livres da tela branca com que ela se confronta, corpo a corpo, ambas de nudez despidas. Ela sabe que tudo está na tela antes de começar e que todo o trabalho consiste em destapá-la, deixá-la vir ao de cima. Ela sabe que pintar é estar à porta do desconhecido, é perder o pé.

A pintura deste, desse e daquele quadro é um dos obscuros objectos do seu desejo, ela está na obscuridade do seu desejo, às escuras, mas há uma noite que esclarece a noite, que é também um dos obscuros motivos dos seus sonhos. A língua com que sonha Glória Sá é a sua pintura, com que partem de dizer o indizível que se cola à sua pele. Confiada nos seus sonhos porque neles se oculta a porta daquela eternidade, num tempo em que cada estação abraça todas as outras.

E as mulheres, como a pintora Glória Sá, são maravilhosa e infinitamente curiosas. Ela agarra-se à pintura como um animal àquilo que ama.

E com paixão que é a única forma de conhecimento.


Foz do Douro, aos 22 dias de Fevereiro de 2012

MIGUEL VEIGA

A pintura de Glória Sá afirma expressividades modeladas na emoção latente da vida e no crescimento espiritual que impõe valor e sentido. 


As suas obras nascem, assim, em camadas plásticas que rasgam a apatia das formas e glorificam a alegria ou a tristeza das cores. Tudo é natureza em temas e argumentos que procura reinterpretar e descobrir. 


Distinguem-se fases claras neste trajecto pictórico de Glória Sá: a abstracção da imaginação; a natureza das flores; as sombras dos corpos. 


Na fase mais abstracta da sua pintura, esculpe o óleo na tela como figuração contida de texturas e de sonhos por cumprir; nas flores afirma o equilíbrio duma natureza em desocultação e fascínio pela luz; nos corpos envolvidos por sombras revela-nos a sensualidade em nuvens de segredos e afectividade. 


Glória Sá oferece-nos pintura como laboratório existencial duma linguagem que ousa assumir mensagem e promete caminhos novos de comunicação em partilha de mundo e de solidariedade. 


Delfim Sousa 


Director da Casa-Museu Teixeira Lopes 


Dias que correm 



O tempo tem a particularidade de nos alertar para a impermanência e para a transição. Contudo somos levados a tentar registá-lo, catalogá-lo, organizá-lo, em busca, eventualmente de o poder dominar, de o tornar mais permanente. Por isso existe o relógio, o calendário, a agenda, ou até mesmo o arcaico registo de seis riscos verticais e um traço na diagonal, que remotamente contava as semanas. Parece que precisamos de saber quanto tempo passou e calcular quanto tempo falta, para provavelmente, perceber quanto desse tempo já desperdiçamos. Residirá talvez aqui o grande dilema humano, o de viver com uma permanente impermanência que recusa dominação. E neste contexto resta perceber o que fazer com o agora. Como conviver e dialogar com o estado de inconstância e mesmo de inconsequência que o tempo impõe, porque mesmo que se saiba que o agora vai interferir no depois, nunca o agora vai impedir que o depois aconteça. Então como agir? Se parar não serve, deverá ser preciso caminhar, talvez viver, conviver e assim, talvez criar. E, aqui surge a arte, uma das raras formas em que o agora é tão importante como o antes e o depois. Ela existe, não como compensação de algo, não como substituição, mas como diálogo, reflexo do que somos, sentimos e ambicionamos, numa atuação que se pode construir num permanente aqui e agora. 

A arte, como a vida e o tempo, não pode ser dominada, mas com ela entrar em simbiose, num processo de extensa doação e receção, em que o momento terá de ser um só. Então, o tempo não é um espaço cientificamente descrito ou registado, mas uma vivência intensa inigualável, tal como cada dia, cada hora, cada segundo, o são. 

Por isso se percebe a necessidade da criação artística e está presente em todas as sociedades e em todas as suas gerações. Por isso, tantos homens e mulheres foram, são e serão artistas e, também por isso, Glória Sá necessita de ser artista. Não se trata de fazer mais alguma coisa ou de inventar mais um estilo ou técnica, mas de interagir, de dialogar, de refletir sobre o tempo, sobre o agora. E, nesse âmbito, a experiência da busca é tão importante como a descoberta, em que tudo o que se vive é parte de ambas, onde a chegada será só mais uma estação de um percurso sem fim, de um trajeto que não se vislumbra o término, venha a acabar daqui a nada ou se prolongue infinitamente. 

Mas não é apenas a necessidade de vivência que dá origem à produção artística de Glória Sá, mas sobretudo o diálogo que a experiência lhe promove, o diálogo com o imaterial, com o invisível, com o transcendental. Por isso, cada tela é um registo espaciotemporal de uma vivência com o indizível, com o sagrado e o metafísico. Mais do que o relato de um acontecimento temporal, as obras de Glória Sá são a manifestação de um diálogo com o que nos transcende, em que a pintura – matéria-, o espaço e o tempo - ilimitados-, interagem com a autora, física, emocional e espiritualmente. E deste modo, cada tela é a preservação de uma intimidade com algo que continuadamente interfere na nossa vida, mas que continuadamente não se consegue controlar – o invisível. 

Em sumula, cada dia é mais uma marca de uma viagem ininterrupta que nenhum relógio ou calendário consegue controlar, onde tudo acontece pela sua instabilidade, e que se permite apenas ao diálogo, à interação, à reflexão. A pintura é pela sua capacidade visível de buscar o invisível, uma ferramenta extraordinária para conviver, sem contrariar, o tempo, para acompanhar a continuidade da impermanência e, possivelmente responder a um antes e um depois, pela natural convivência com o agora. E assim o é a obra de Glória Sá, um diálogo existencial de contínua busca, de constante viagem, de simplesmente viver. 


Professor Domingos loureiro

A pintora transfere

sentimentos e reacções

de luz e cor através de

imagens tridimensionais

que se fundem na

envolvência da matéria


Uma vibrante combinação de sombras e tons preenchem

as telas de Glória Sá, revelando o seu gosto pela

cor e textura.

A pintora transfere sentimentos e reacções de luz e

cor através de imagens tridimensionais que se fundem

na envolvência da matéria.

Através desta exploração das relações entre a forma

e o espaço, produz-se um balanço entre o figurativo e o

abstracto.

Na sua mais recente série de trabalhos, poder-

-se-á dizer que se traduzem num verdadeiro “rigoroso

abstracto”, caracterizado de uma visão onírica sobre a

figura humana.

Glória Sá vê na Natureza a fonte de toda a inspiração,

acreditando que a intuição artística é a base para a

confidência do espírito.

A pintora transfere

sentimentos e reacções

de luz e cor através de

imagens tridimensionais

que se fundem na

envolvência da matéria


Susana Ribeiro 2011


Desde o início da sua obra que a pintora Glória Sá transfere sentimentos, reacções de luz e cor através de imagens que se fundem na envolvência da matéria. Ao longo dos anos, a sua procura por novas formas de expressão levou-a a previligiar as texturas e a cor que dá sentido á sua espiritualidade, o azul. Kandinsky assume o azul como a cor profunda que atrai o ser humano ao infinito e desperta nele a sua pureza, este é também o meu entendimento cromático perante a obra da artista.

Na sua mais recente série de trabalhos, poder-se-á dizer que se traduzem num verdadeiro “rigoroso abstracto”, caracterizado de uma visão onírica sobre o mundo.

Glória Sá vê na Natureza a fonte de toda a inspiração, acreditando que a intuição artística é a base para a confidência do espírito.


Susana Ribeiro 2017